O vinho e o carvalho
Qual a relação entre os dois?
Você já deve ter se perguntado por que é que os vinhos que estagiam em madeira são diferentes e geralmente mais caros. Vamos desvendar para você qual a relação que existe entre o vinho e a madeira de carvalho, de forma simples e bem divertida.
Geralmente quando pensamos em uma adega, imaginamos um corredor cheio de barricas de madeira onde o vinho é armazenado. Contudo, nem sempre foi assim. Vestígios arqueológicos revelam que o vinho era fermentado em recipientes de barros, as ânforas. Trata-se de uma tradição com milhares de anos, que ainda hoje é usada no Alentejo, sul de Portugal.
O início de tudo
A construção de barris de madeira foi desenvolvida pelos Celtas, por volta de 350 A.C. Os romanos descobriram a técnica e passaram a usá-la para transporte do vinho, devido à sua maior resistência, ao contrário das ânforas que quebravam com facilidade. As garrafas de vidro só passaram a ser usadas no século XVIII, após a introdução de técnicas que permitiram com que o vidro ficasse mais resistente e pudessem ser armazenadas na horizontal.
Embora o objetivo inicial dos barris de madeira fosse maior segurança no transporte do vinho, os recipientes que conhecemos hoje acabam por ser usados também no processo de fermentação e amadurecimento da bebida.
A principal caraterística do uso da madeira está relacionada com a absorção de oxigênio. As reações químicas provocadas pela lenta absorção do oxigênio pela madeira provocam alterações nas caraterísticas do vinho e introduz uma maior complexidade. O que isto significa?
Os barris de madeira (normalmente de carvalho francês) agregam aromas (tais como especiarias, baunilha, canela, fumo, frutos secos, café e até fumo). Além disso, os taninos presentes são suavizados, diminuindo a adstringência, e a cor é intensificada. Os taninos fazem parte da estrutura da própria madeira e, ao entrarem em contato com a bebida, proporcionam mais corpo e densidade. Vale ressaltar que os taninos agregam propriedades antioxidantes ao vinho e estão diretamente relacionados ao seu potencial de guarda.
Por que a escolha recai sobre o carvalho francês e o americano? Quais as diferenças?
A madeira usada para fins enológicos é o carvalho devido à sua porosidade, que permite uma micro-oxigenação perfeita do vinho. Este processo altera a textura do vinho, tornando-o mais macio e equilibrado. Os mais usados são o carvalho francês e o americano. O primeiro é mais rico em taninos e aromas, mais complexos e elegantes, enquanto o segundo confere aromas mais intensos. Por isso, é preciso ter em conta a origem da madeira dos barris, visto que irão imprimir caraterísticas diferentes no vinho.
Em Portugal usa-se, essencialmente, o carvalho francês, podendo encontrar-se, em alguns casos, o carvalho americano ou ambos. Já em Espanha e nos Estados Unidos é mais comum o uso do carvalho americano.
Para que as caraterísticas da madeira sejam transferidas para a bebida, as barricas apenas podem ser usadas até três vezes. A partir dai tornam-se neutras e passam a ser usadas por cervejarias e para destilados.
Todos os vinhos devem passar por madeira?
Não obrigatoriamente. Ainda que os vinhos mais caros no mercado tenham como caraterística comum a maturação em barricas de carvalho, isso não significa que o vinho seja melhor que os vinhos que apenas estiveram em cubas de inox.
Por exemplo, os vinhos jovens, frutados e frescos (como é o caso dos vinhos verdes) não passam por madeira. O mesmo se pode dizer em relação aos brancos aromáticos e alguns rosés.
A qualidade das uvas, a riqueza de aromas e demais fatores é que fazem com que o vinho tenha qualidade. No entanto, o melhor vinho é aquele que você gosta, aquele que você degusta com prazer. O vinho nos transporta no tempo e no espaço. Com ele, podemos conhecer outras formas de ser e de estar. Afinal, o vinho é pessoal e a compatibilidade de personalidades (a sua e a do vinho) só se descobre experimentando.
Qual o seu vinho preferido? Aquele que estagia em barricas de carvalho ou em cubas de inox? Conta para a gente!
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