Você sabia que os vinhos amadurecem nas barricas de madeira e envelhecem nas garrafas e não o contrário?

A barrica funciona como parte da composição da estrutura de um vinho, agregando aromas, lapidando a cor e refinando taninos e acidez. Já na garrafa o vinho estabiliza, arredonda, evolui dentro de si mesmo. Dessa forma podemos dizer que, o termo envelhecimento é mais usado para designar o período entre o envase e a abertura da garrafa. É nesse momento que é essencial preservar a temperatura e conservar o vinho fora da luz, para que ele não estrague antes da hora.

Hoje em dia, há poucos rótulos que merecem ser guardados por muito tempo. A maior parte deles, produzidos por meio da agricultura moderna, são fabricados para consumo imediato e foram programados para uma vida que varia entre os três e os cinco anos de vida. Poucos vinhos são projetados para um período de vida superior à meia década.

O envelhecimento do branco

O vinho branco tem ganhado um espaço crescente nas preferências dos consumidores. Sua maturação geralmente acontece em cubas de inox para garantir que o frescor e leveza sejam mantidos, uma vez que o contato com o oxigênio é menor. Quando maturados em barris de carvalho, eles tendem a adquirir textura amanteigada e cor mais intensa.

Existe ainda um senso comum que diz que os vinhos brancos precisam ter consumo rápido, pois – já que não possuem uma forte estrutura de taninos (que é o que dá a sensação de adstringência na boca) – não conseguem resistir muito ao tempo, ou seja, vão perdendo completamente o gosto. 

Para poder envelhecer, um vinho precisa ter estrutura robusta. O grande ponto é a quantidade de acidez. Ela agrega frescor e mantém o vinho vivo durante a passagem do tempo. A acidez é parte determinante da estrutura do vinho e é um fator decisivo na hora de determinar se um branco tem ou não capacidade de envelhecimento. Outro fator importante é a quantidade de açúcar residual contido no vinho.

Convém não esquecer que os vinhos mais longevos do mundo, os maravilhosos e indestrutíveis vinhos da Madeira, assentam quase integralmente em castas branca. Grandes vinhos brancos de sobremesa têm, de fato, uma capacidade de guarda maior. A razão é a combinação entre a acidez e o açúcar residual presentes nesses vinhos, o que proporciona uma espécie de escudo contra os efeitos do tempo.

“Talvez possa parecer ainda mais excêntrico, mas existe outro vinho branco, oriundo da região dos Vinhos Verdes, capaz de envelhecer recheado de predicados, o fresco e perfumado Loureiro da região de Ponte de Lima. Infelizmente poucos acreditam na sua longevidade, incluindo muitos produtores da região, apesar de a prática demonstrar a excelência da casta e a garantia de um envelhecimento admirável, como alguns produtores da região bem o demonstram”, diz Rui Falcão crítico e jornalista especializado na área de vinhos.

Como saber se não está estragado?

A aparência do vinho que podemos avaliar através de uma análise visual nos indicará se ele está ou não saudável. 

A cor dos vinhos, assim como os aromas, a acidez, os taninos e alguns outros elementos, está em constante evolução, e no caso dos brancos, essa evolução é muito mais rápida que nos tintos. Os vinhos brancos maturados em inox, quando jovens têm uma cor muito clara, quase transparente que chamamos de “amarelo claro cristalino”. Com o passar do tempo - lembrando que a curva de vida dos vinhos brancos sem madeira é mais curta e que existem uvas com diferentes potenciais de cor - começam a tomar um tom mais palha, logo dourada, até terminar com uma cor marrom, o que normalmente indica que o vinho já passou do seu tempo, está velho demais, estragado, salvo raras exceções.

Concluindo, podemos dizer que os vinhos brancos também envelhecem sim, mas nem todos melhoram.

Você gosta de vinho branco? 

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